Segunda-feira, 7 de Novembro de 2005
Vimos que o acordo ortográfico estabelece ortografias duplas para um certo grupo de palavras esdrúxulas ou proparoxítonas. Estão bem identificadas tais palavras. A antepenúltima sílaba termina em e ou o, a que segue um m ou um n. Vimos também que algumas esdrúxulas são aparentes.
Exemplos dessas duplas grafias são: académico/ acadêmico, anatómico/anatômico, António/Antônio, génio/gênio. Nos dois últimos casos trata-se esdrúxulas aparentes. Nas grafias duplas usa-se o acento circunflexo ou o acento agudo conforme a vogal respectiva é fechada ou aberta.
O acordo estabelece ortografias duplas para um pequeno número de palavras agudas e graves. Servem de exemplos bebé/bebê e ténis/tênis.
As ortografias duplas em esdrúxulas são mais numerosas. Atingem aproximadamente 1400 palavras. À volta de 30% destas, isto é, à roda de 420 palavras são esdrúxulas aparentes. Se o seu ditongo final fosse como tal considerado na divisão silábica, não levariam acento e, por isso, não criariam qualquer divergência. Em vez de António ou Antonio escreveríamos Antonio, como fazem os espanhóis.
Muita gente não gosta da solução encontrada. Vale, então, a pena enumerar e examinar as possibilidades de tratamento das palavras esdrúxulas que vão ter ortografia dupla. Estas são as quatro possibilidades de tratar a questão:
1) Acabar com os acentos
2) Usar sempre o acento agudo
3) Usar sempre a acento circunflexo
4) Adoptar a solução do acordo.
As três primeiras soluções dispensavam as ortografias duplas. Acabavam com as divergências.
Examinaremos em futuro artigo estas soluções o mais fria, factual e racionalmente possível, o que não costuma ser o caso quando esta questão é examinada.
João Manuel Maia Alves