Terça-feira, 27 de Dezembro de 2005
Hífen é o traço que encontramos em palavras como Guiné-Bissau.
Não é fácil o uso do hífen em português, tantas são as regras que involve. A Drª Edite Estrela diz por graça que às vezes tem que consultar os livros que escreveu para saber como usar o hífen.
Praticamente não há divergências entre a norma ortográfica portuguesa e a
brasileira quanto ao hífen.
Da leitura de dicionários portugueses e brasileiros e jornais e revistas conclui-se que existem muitas oscilações e um largo número de formações vocabulares com grafia dupla, ou seja, com hífen e sem hífen. Assim, um dicionário poderá ter a grafia infra-estrutura, que noutro dá lugar a infraestrutura. Relativamente ao hífen, não há motivo para grafias duplas, com o consequente aumento do número de entradas nos dicionários.
Pode dizer-se que a situação do hífen é de certo modo caótica. Existem demasiadas regras. Falta sistematização.
Simplificar, clarificar e sistematizar foi o que tentou o projecto de 1986. Suscitou acesas polémicas. Era demasiado radical para os hábitos de muita gente para quem mudar qualquer coisa é já inaceitável. Por isso, no texto do acordo de 1990 visaram-se objectivos mais modestos, sem perder de vista os grandes objectivos do projecto de 1986 simplificar e sistematizar.
O que acordo estabelece relativamente a este assunto, muito embora tenha tido em conta as críticas fundamentadas ao texto de 1986, resulta, sobretudo, do
estudo do uso do hífen nos dicionários portugueses e brasileiros, assim como em jornais e revistas.
Em próximos artigos veremos que regras estabelece o acordo ortográfico quanto ao hífen. É matéria que dá pano para mangas por muito que se tente simplificar e sistematizar.
João Manuel Maia Alves