Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2006
Estabelece o acordo ortográfico que o hífen se usa na tmese. Que diabo de coisa vem a ser a tmese?
Reparemos na palavra ver-te-ei. Abriu-se um buraco no meio de verei e meteu-se nele o pronome te. O te fica ensanduichado, entre duas metades de verei. Temos aqui um exemplo de tmese, a intercalação de formas pronominais em formas verbais.
Qual a necessidade de se falar em tmese? Não bastava dizer que o hífen se usa em palavras como amá-lo-ei e enviar-lhe-emos? Não apregoa este blogue o não uso de termos complicados?
Na devida altura será fornecido o texto do acordo ortográfico e da sua nota explicativa ou se dirá onde se podem obter. Este blogue dará até lá o significado de termos técnicos usados nos dois textos, como é o caso de tmese para que os leitores os possam compreender.
Outro termo usado no texto do acordo a propósito do hífen é ênclise. Amá-lo, que se pronuncia amalo, é um exemplo de ênclise. Lo, que é átono, isto é, sem acento tónico, junta-se na pronúncia a amá. Outros exemplos são dá-se, deixa-o e partir-lhe. Cada um destes pares forma um todo em termos de pronúncia. Os espanhóis não usam hífen em casos semelhantes. Mais práticos que nós, escrevem servirle e darme, por exemplo.
Reparemos nas frases ele quer o livro; ele quere-o para estudar inglês, ele requer o adiamento, ele requere-o amanhã. O hífen usa-se nos casos em que existe ênclise, isto é ligação na pronúncia à palavra anterior, mas acrescenta-se um e no fim do verbo. Em ele quere-o para estudar inglês a pronúncia de quere-o é kéreo, o que justifica o e final da forma verbal.
Usa-se também o hífen em palavras como eis-me e ei-lo e formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, como, por exemplo em esperamos que no-lo comprem.
Estas regras não alteram nenhuma disposição da ortografia em vigor.
João Manuel Maia Alves