Terça-feira, 18 de Abril de 2006
Nos dois últimos artigos tratámos do uso do hífen em palavras com prefixos, sejam eles verdadeiros como des ou falsos como maxi. Vimos que em tais palavras se usa o hífen quando o segundo elemento começa por agá. Assim, temos pré-história e super-homem, sendo o primeiro prefixo verdadeiro e o segundo falso.
Vimos também que não se usa o hífen com os prefixos des e in se o segundo elemento perdeu o agá inicial: desumano, inábil, etc.
Por vezes o prefixo ou pseudoprefixo começa com a mesma vogal com que se inicia o segundo elemento. Em tais casos usa-se o hífen: anti-ibérico,
contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade,
auto-observação, micro-onda, semi-interno.
Às vezes vê-se escrito microondas. Trata-se dum erro, tanto à luz da actual ortografia como do acordo ortográfico. Como micro acaba na mesma vogal com que se inicia ondas, correcto é escrever micro-ondas.
Há uma importante nota a salientar. Nas formações com o prefixo co, este junta-se, em geral, ao segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc. Já hoje é assim.
A consulta ao dicionário permite confirmar que nem sempre o prefixo co se junta a uma palavra começada por o. É o caso de co-opositor. O acordo ortográfico abre a porta à continuação do hífen em tais palavras quando diz que a junção ocorre em geral. Não teria sido possível acabar com as excepções? Qual a razão para se escrever cooperador e co-opositor? Por outro lado, a expressão em geral não é muito apropriado para um texto que regulamenta qualquer coisa.
Usa-se prefixo nas formações com os prefixos circum e pan quando o segundo
elemento começa por vogal, eme ou ene, além de agá como já vimos:
circum-escolar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano,
pan-mágico, pan-negritude.
Por hoje chega de hífen.
João Manuel Maia Alves