Quarta-feira, 29 de Março de 2006
Uma das coisas que torna difícil o uso do hífen é ele poder ocorrer em muitas situações diferentes. Isso aumenta o número de regras que é necessário conhecer. Hoje vamos ver o caso das palavras com prefixos.
Chama-se prefixo a uma partícula colocada antes duma palavra para formar uma palavra nova. Serve de exemplo super em superprodução e super-humano. Há muitos outros prefixos: ante, anti, circum, co, contra, entre, extra, hiper, infra, intra, pós, pré, pró, sobre, sub,super, supra, ultra, etc.
O acordo ortográfico estabelece que nas formações com prefixos em que o segundo elemento começa por agá se usa o hífen. Assim teremos as seguintes ortografias:
anti-higiénico, circum-hospitalar, contra-harmónico,
extra-humano, sub-hepático, super-homem, ultra-hiperbólico.
Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm os prefixos des e in e nas quais o segundo elemento perdeu o agá inicial: desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc.
Há mais a dizer sobre o hífen em palavras com prefixo. Fica para outro artigo ou artigos.
João Manuel Maia Alves
Quarta-feira, 22 de Março de 2006
Reparemos na expressão Na volta a Portugal corre-se hoje a etapa Faro-Beja. Faro e Beja unem-se nesta frase sem formar uma palavra composta. Trata-se duma ligação acidental. Não se deve a nenhuma relação especial entre as duas cidades excepto estarem no início e no fim dum percurso. Faro-Beja não é propriamente uma palavra mas um encadeamente ou sucessão de palavras.
Constam do acordo ortográfico regras para o emprego do hífen em tais ligações de palavras. Ele estabelece que se usa o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos mas encadeamentos vocabulares. São exemplos: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique.
Existem combinações de topónimos (nomes de países, cidades, etc.) com hífen que são históricas. São exemplos Áustria-Hungria e Alsácia-Lorena.
João Manuel Maia Alves
Terça-feira, 14 de Março de 2006
Estabelece o acordo ortográfico que não se emprega, em geral, o hífen nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjectivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais.
Locução é um conjunto de palavras que exprime uma ideia, como, por exemplo, animal de companhia.
O acordo dá os seguintes exemplos:
a) Locuções substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Locuções adjectivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Locuções pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que
seja;
d) Locuções adverbiais: à parte, à vontade, depois de amanhã, em cima, por isso, de mais; relativamente a esta última locução, note-se que ela se contrapõe a de menos; não se deve confundir a locução de mais com demais, advérbio, conjunção, etc.); repare-se nas frases quando ele ajuda a família, não faz nada de mais e ele bebe demais; de mais significa anormal, capaz de causar estranheza; demais significa em demasia;
e) Locuções prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à
parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Locuções conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo
que, por conseguinte, visto que.
Há excepções tinha de ser, nada no hífen é simples e o conservadorismo militante não deixa fazer mudanças. O uso consagrou as formas água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
Por hoje chega.
Autor: João Manuel Maia Alves
Quarta-feira, 8 de Março de 2006
Continuemos a ver o que o acordo ortográfico estabelece quanto ao hífen, esse traço tão pequeno e tão complicado na sua aplicação, tantas as regras que envolve o seu uso, algumas com excepções.
Existem palavras compostas que começam por além, aquém, recém e sem. Em tais compostos emprega-se o hífen. Temos, portanto, as seguintes ortografias:
- Palavras começadas por além além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras
- Palavras começadas por aquém aquém-mar, aquém-Pirenéus
- Palavras começadas por recém- recém-casado, recém-nascido
- Palavras começadas por sem sem-cerimónia, sem-número, sem-vergonha.
Fiquemos por aqui por hoje.
João Manuel Maia Alves
Quarta-feira, 1 de Março de 2006
Continuemos a ver o que o acordo ortográfico estabelece quanto ao hífen.
Examinemos a ortografia dos três seguintes pares de palavras compostas:
1) Bem-estar e mal-estar o segundo elemento começa por vogal; o hífen é usado em ambas as palavras;
2) Bem-humorado e mal-humorado o segundo elemento começa por agá ; o hífen é usado em ambas as palavras;
3) Bem-criado e malcriado - o segundo elemento começa com uma consoante diferente de agá; o hífen só é usado na primeira palavra.
Destes exemplos podemos deduzir as regras do hífen em palavras compostas começadas pelos advérbios bem ou mal a que se segue um segundo elemento. Usa-se o hífen em todos os casos excepto quando o primeiro elemento é mal e o segundo começa com uma consoante diferente de agá.
Em resultado desta regra temos as seguintes ortografias: bem-aventurado,
mal-afortunado, bem-mandado, bem-ditoso e malditoso,
bem-falante e malfalante, bem-nascido e malnascido, bem-soante e malsonante, bem-visto e malvisto.
Há compostos em que bem se aglutinou ao segundo elemento. Servem de exemplos benfazejo, benfeito, benfeitor e benquerença. Nalgumas destas palavras o segundo elemento tem vida própria, noutras não. Fazejo, por exemplo, não se usa como palavra isolada.
Artigo escrito por João Manuel Maia Alves