Terça-feira, 25 de Abril de 2006
Continuemos com o hífen em palavras com prefixo, verdadeiro ou falso.
O acordo ortográfico estabelece que se usará hífen nas formações com os prefixos hiper, inter e super quando combinados com elementos iniciados por erre: hiper-requintado, inter-resistente,super-revista.
O erre final do primeiro elemento e o inicial do segundo devem separar-se na pronúncia. Não devem ser pronunciados como o dígrafo erre-duplo de carro. Essa a razão desta regra.
Também se usa o hífen em formações com os prefixos ex (com o sentido de estado anterior ou cessamento), sota, soto, vice, e vizo. Sota e soto exprimem a ideia de subordinação, posição inferior. Vizo tem o mesmo significado que vice; ambos correspondem a em vez de.
Em virtude desta regra teremos as seguintes grafias: ex-almirante;
ex-diretor (sem cê quando o acordo ortográfico entrar em vigor),
ex-hospedeira,ex-presidente, ex-primeiro-ministro,
ex-rei; sota-piloto, soto-mestre,vicepresidente, vice-reitor, vizo-rei.
As formações com os prefixos pós, pré e pró umas vezes exigem hífen e outras não. Usa-se hífen quando o prefixo é acentuado e o segundo elemento tem vida própria. O hífen não é usado quando o prefixo é átono, isto é, sem acentuação e se juntou ao elemento seguinte. Assim, temos: pós-graduação, pós-tónico (mas pospor); pré-escolar, pró-natal (mas prever), pró-africano, pró-europeu (mas promover).
Por hoje chega de hífen.
João Manuel Maia Alves
Terça-feira, 18 de Abril de 2006
Nos dois últimos artigos tratámos do uso do hífen em palavras com prefixos, sejam eles verdadeiros como des ou falsos como maxi. Vimos que em tais palavras se usa o hífen quando o segundo elemento começa por agá. Assim, temos pré-história e super-homem, sendo o primeiro prefixo verdadeiro e o segundo falso.
Vimos também que não se usa o hífen com os prefixos des e in se o segundo elemento perdeu o agá inicial: desumano, inábil, etc.
Por vezes o prefixo ou pseudoprefixo começa com a mesma vogal com que se inicia o segundo elemento. Em tais casos usa-se o hífen: anti-ibérico,
contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade,
auto-observação, micro-onda, semi-interno.
Às vezes vê-se escrito microondas. Trata-se dum erro, tanto à luz da actual ortografia como do acordo ortográfico. Como micro acaba na mesma vogal com que se inicia ondas, correcto é escrever micro-ondas.
Há uma importante nota a salientar. Nas formações com o prefixo co, este junta-se, em geral, ao segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc. Já hoje é assim.
A consulta ao dicionário permite confirmar que nem sempre o prefixo co se junta a uma palavra começada por o. É o caso de co-opositor. O acordo ortográfico abre a porta à continuação do hífen em tais palavras quando diz que a junção ocorre em geral. Não teria sido possível acabar com as excepções? Qual a razão para se escrever cooperador e co-opositor? Por outro lado, a expressão em geral não é muito apropriado para um texto que regulamenta qualquer coisa.
Usa-se prefixo nas formações com os prefixos circum e pan quando o segundo
elemento começa por vogal, eme ou ene, além de agá como já vimos:
circum-escolar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano,
pan-mágico, pan-negritude.
Por hoje chega de hífen.
João Manuel Maia Alves
Quarta-feira, 12 de Abril de 2006
No último artigo vimos que se usa o hífen em palavras como anti-higiénico, formadas por um prefixo e um segundo elemento começado por agá. Vimos também que um prefixo é uma partícula colocada antes duma palavra para formar uma palavra nova.
A propósito, sabiam que em Moçambique e Angola usam a palavra desconseguir? Ela é formada do prefixo des e da palavra conseguir.
O hífen também se usa em palavras como neo-helénico. Dir-se-á que se está simplesmente a aplicar a regra que conduz à ortografia anti-higiénico. Não é exactamente assim. Neo significa novo, moderno. Não tem comparação com uma pobre partícula como des. Têm uma coisa em comum não podem aparecer sozinhos, não têm existência autónoma.
Existem elementos não autónomos ou falsos prefixos que, colocados antes duma palavra, produzem um novo termo. São exemplos: aero, agro, arqui, auto, bio, electro (que perderá o cê com o acordo ortográfico), geo, hidro, inter, macro, maxi, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pseudo, retro, semi, tele.
O hífen também se usa em palavras com estes falsos prefixos seguidos duma palavra começada por agá. Servem de exemplos arqui-hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história, neo-helénico, pan-helenismo.
Autor: João Manuel Maia Alves