Segunda-feira, 24 de Outubro de 2005
Já vimos o tratamento que o acordo ortográfico dá às sequências cc (segundo c com som ç), cç, ct, pç e pt em que a primeira letra não se pronuncia em nenhuma pronúncia culta da língua. Nesses casos a primeira letra não se escreve. Assim, em Portugal passaremos a escrever afecto em vez de afeto. Para os brasileiros não haverá alteração, pois não escrevem essas consoantes mudas há mais de setenta anos.
Em antigos anteriores mostrámos que não existe qualquer razão para manter essas consoantes que não se pronunciam. Em muitos casos a consoante é completamente tola. É o caso do cê de acto. Não faz falta à pronúncia. Não se justifica por razões etimológicas ou de origem da palavra não é verdade que se eliminou o cê de aflicto? O cê de acto existe por coerência com actuar e actuação, mas haverá alguma coisa mais tola que o cê destas palavras, que nem se pronuncia nem abre a vogal colocada antes? Só por caturrice é que alguém medianamente informado defende o cê de acto, mas caturras, ilustres ou não, é coisa que não falta em questões de ortografia.
A questão é mais complicada quando a primeira letra das referidas sequências umas vezes se lê e outras não, caso em que falamos de sequências variáveis. Veremos em próximos artigos como o acordo resolveu esta questão.
João Manuel Maia Alves